Uma conquista histórica marca um novo capítulo para a cultura de Campos Novos. O Conjunto Folclórico Celeiro da Tradição foi oficialmente reconhecido como Ponto de Cultura por meio do Edital de Chamamento Público nº 49/2024 – Prêmio Pontos de Cultura PNAB SC, promovido pela Fundação Catarinense de Cultura, com recursos do Ministério da Cultura. Com essa certificação, o grupo se torna o primeiro da região da AMPLASC a alcançar esse reconhecimento nacional.
Além do título, o Celeiro da Tradição receberá um prêmio de R$ 60 mil, valor que representa não apenas um incentivo financeiro, mas o reconhecimento público da relevância e impacto cultural do grupo na preservação e promoção das tradições locais.
Mas afinal, o que é um Ponto de Cultura?
A iniciativa integra a Política Nacional de Cultura Viva e reconhece grupos e entidades da sociedade civil que desenvolvem, de forma contínua, ações ligadas à arte, cultura e cidadania. Esses pontos formam uma rede de base comunitária que valoriza a diversidade cultural brasileira e o protagonismo das comunidades. A legitimidade de um Ponto de Cultura está na sua atuação real, enraizada no território, promovendo a identidade, a memória e os saberes locais de forma autêntica e transformadora.
Segundo o Ministério da Cultura, ser um Ponto de Cultura é muito mais do que portar um selo institucional. Trata-se do reconhecimento de uma trajetória coletiva, marcada pela resistência cultural, engajamento social e impacto direto na vida das pessoas.
Nesse processo, o Instituto Humaniza teve papel decisivo. Atuando como assessoria técnica, a equipe prestou suporte estratégico desde a inscrição até a entrega da documentação e comprovações exigidas, acompanhando o grupo ao longo dos últimos anos em sua jornada de fortalecimento cultural e organizacional.
O fundador e instrutor do Celeiro, Giovani Primieri, relembra a origem modesta do grupo:
“Começamos do zero, de forma muito humilde, sem recursos ou estrutura. Mas sabíamos do nosso potencial. Seguimos passo a passo, nos organizamos, buscamos apoio, e hoje temos as condições necessárias para entregar um trabalho cultural de qualidade. Em sete anos, colhemos frutos que talvez demorassem décadas, não fosse o esforço coletivo e a parceria com entidades, empresas e pessoas que acreditam na cultura.”
Mais do que um grupo de invernadas artísticas, o Celeiro se afirma como uma entidade cultural comprometida com a salvaguarda do patrimônio imaterial de Campos Novos. Isso está registrado em seu estatuto e confirmado por sua atuação.
Desde sua fundação, o grupo já realizou três importantes seminários educativos — sobre indumentária tradicional, tropeirismo e pilchas e encilhas — e idealizou o projeto São João na Nossa Tradição, que busca valorizar as raízes culturais durante os festejos juninos, promovendo a cultura gaúcha em sintonia com as festas populares.
Entre outras iniciativas, destaca-se também a realização da Festa dos Tropeiros, a edição de um livro sobre indumentária tradicional, rapidamente reconhecido pelo MTG de Santa Catarina como obra de referência, além da produção de espetáculos, palestras, recitais e ações de formação cultural em dança e declamação.
“Quem não conhece, talvez não imagine a complexidade do percurso para que tudo isso aconteça de forma saudável e efetiva”, afirma Vanderlei Gonçalves, patrão da entidade. “O Celeiro vai além da tradição: ele representa a resistência, a memória e o futuro da nossa identidade cultural.”
O reconhecimento como Ponto de Cultura coroa uma trajetória marcada pelo compromisso com a comunidade e reforça o papel da cultura como motor de transformação social. É também um chamado à continuidade:
Vida longa e próspera ao Celeiro da Tradição e à cultura viva de nossa gente.